Estratégias de recuperação crônica aplicadas ao futebol de campo: um estudo de revisão

Autores

  • Kayo Vinícius Soares Homero
  • Rafael Luciano De Mello UNINTER

Resumo

O presente artigo consiste em analisar as estratégias de recuperação comumente utilizadas por atletas profissionais de futebol de campo. Os objetivos específicos foram: 1) identificar os principais métodos de recuperação utilizados por atletas de futebol; 2) descrever as bases fisiológicas dos métodos identificados e 3) apresentar os resultados encontrados com cada estratégia. A metodologia foi de revisão bibliográfica sistematizada, através da base de dados PubMed. O levantamento recuperou 549 estudos, mas apenas 5 atenderam aos seguintes critérios de inclusão — artigos originais; atletas profissionais; métodos de recuperação comumente utilizados no âmbito esportivo. Os resultados trouxeram oito técnicas, cada qual com os seus respectivos benefícios. A crioterapia reduziu o fluxo sanguíneo, melhorou a percepção de dor muscular, reduziu a sensação de fadiga/efeito analgésico e beneficiou o desempenho da força. A criocompressão apresentou minimização de danos musculares, inflamação e dor. A eletroestimulação eliminou toxinas. Em relação à liberação miofascial, observou-se aumento do fluxo sanguíneo, amplitude de movimento e oxigenação tecidual. A massagem melhorou a circulação, reduziu a hipertonicidade e removeu metabólitos, do mesmo modo que a recuperação ativa e as roupas de compressão. Estas, por sua vez, facilitaram ainda a circulação sanguínea, a entrega de nutrientes, reduziram o edema pós-exercício e a dor muscular. Por fim, a terapia de contraste apresentou diminuição do dano muscular e menor percepção de dor. A conclusão foi de que toda técnica possui suas vantagens e desvantagens, cabendo à equipe técnica verificar a situação e aplicar a(s) técnica(s) mais adequada(s).

Palavras-chave: futebol; saúde; desempenho.

Abstract

This article examines recovery strategies commonly employed by professional soccer players. The specific objectives were: 1) to identify the primary recovery methods used by these athletes; 2) to describe the physiological bases of the identified methods; 3) to present the findings associated with each strategy. A systematic literature review was conducted using the PubMed database. The search yielded 549 studies, but only five met the following inclusion criteria: original articles focusing on professional athletes and exploring recovery methods commonly utilized in the sporting context. The results identified eight techniques, each offering distinct advantages. Cryotherapy reduced blood flow, improved perception of muscle soreness, lessened fatigue (analgesic effect), and enhanced strength performance. Cryocompression minimized muscle damage, inflammation, and pain. Electrostimulation purportedly eliminated toxins. Myofascial release demonstrated an increase in blood flow, range of motion, and tissue oxygenation. Massage, similar to active recovery and compression garments, improved circulation, reduced hypertonicity, and removed metabolites. Compression garments additionally facilitated blood circulation, nutrient delivery, and reduced post-exercise edema and muscle soreness. Finally, contrast therapy exhibited a decrease in muscle damage and reduced pain perception. The conclusion emphasizes that each technique has its own benefits and drawbacks. The technical team is responsible for evaluating the situation and applying the most suitable technique(s).

Keywords: soccer; health; performance.

Resumen

El presente artículo consiste en analizar las estrategias de recuperación comúnmente utilizadas por atletas profesionales de fútbol. Los objetivos específicos fueron: 1) identificar los principales métodos de recuperación utilizados por atletas de fútbol; 2) describir las bases fisiológicas de los métodos identificados; y 3) presentar los resultados encontrados con cada estrategia. La metodología fue de revisión bibliográfica sistematizada, a través de la base de datos PubMed. La recopilación recuperó 549 estudios, pero solo 5 atendieron a los siguientes criterios de inclusión — artículos originales; atletas profesionales; métodos de recuperación comúnmente utilizados en el ámbito deportivo. Los resultados trajeron ocho técnicas, cada cual con sus respectivos beneficios. La crioterapia redujo el flujo sanguíneo, mejoró la percepción de dolor muscular, redujo la sensación de fatiga/efecto analgésico y benefició el rendimiento de la fuerza. La criocompresión presentó minimización de daños musculares, inflamación y dolor. La electroestimulación eliminó toxinas. Con relación a la liberación miofascial, se observó aumento del flujo sanguíneo, amplitud de movimiento y oxigenación tisular. El masaje mejoró la circulación, redujo la hipertonicidad y removió metabolitos, del mismo modo que la recuperación activa y las ropas de compresión. Estas, por su turno, facilitaron aun la circulación sanguínea, la entrega de nutrientes, redujeron el edema postejercicio y el dolor muscular. Por fin, la terapia de contraste presentó disminución del daño muscular y menor percepción de dolor. La conclusión fue que toda técnica pose sus ventajas y desventajas, correspondiendo al equipo técnico verificar la situación y aplicar la(s) técnica(s) más adecuada(s).

Palabras clave: fútbol; salud; rendimiento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Kayo Vinícius Soares Homero

Acadêmico no Curso de Bacharelado em Educação Física no Centro Universitário Internacional (Uninter).

Rafael Luciano De Mello, UNINTER

Professor no Centro Universitário Internacional (Uninter).

Referências

ALEXANDER, J.; CARLING, C.; RHODES, D. Utilisation of performance markers to establish the effectiveness of cold-water immersion as a recovery modality in elite football. Biology of Sport, Varsóvia, v. 39, n. 1, p. 19-29, 2022. DOI: doi.org/10.5114/biolsport.2021.103570. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8805350/. Acesso em: 15 mar. 2024.

ALEXANDER, J. et al. Effects of contemporary cryo-compression on post-training performance in elite academy footballers. Biology of Sport, Varsóvia, v. 39, n. 1, p. 11-17, 2022. DOI: doi.org/ OI: 10.5114/biolsport.2022.102866. Disponível em: www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC8805354/. Acesso em: 15 mar. 2024.

ALLEN, D. G.; LAMB, G. D.; WESTERBLAD, H. Skeletal muscle fatigue: cellular mechanisms. Physiological reviews, v. 88, n. 1, p. 287-332, 2008. DOI: doi.org/ DOI: 10.1152/physrev.00015.2007. Disponível em: https://journals.physiology.org/doi/full/10.1152/physrev.00015.2007?rfr_dat=cr_pub++0pubmed&url_ver=Z39.88-2003&rfr_id=ori%3Arid%3Acrossref.org. Acesso em: 15 mar. 2024.

ALTARRIBA, A. et al. The use of recovery strategies by Spanish first division soccer teams: a cross-sectional survey. The Physician and Sportsmedicine, Londres, v. 49, n. 3, p. 297-307, 2021. DOI: doi.org/10.1080/00913847.2020.1819150. Disponível em: www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/00913847.2020.1819150. Acesso em: 15 mar. 2024.

ARRUDA, M. et al. Futebol: Ciências aplicadas ao jogo e ao treinamento. São Paulo: Phorte, 2013.

BANGSBO, J. The physiology of soccer--with special reference to intense intermittent exercise. Acta Physiol Scand Suppl, v. 619, n. 1, p. 1-155, 1994.

BARNETT, A. Using recovery modalities between training sessions in elite athletes: does it help?. Sports medicine, v. 36, p. 781-796, 2006. DOI: doi.org/10.2165/00007256-200636090-00005.

BARTHOLOMEW, J. R. et al. Air travel and venous thromboembolism: minimizing the risk. Minnesota Medicine, v. 94, n. 6, p. 43, 2011. DOI: doi.org/10.3949/ccjm.78a.10138. Disponível em: https://www.ccjm.org/content/ccjom/78/2/111.full.pdf. Acesso em: 15 mar. 2024.

BIEUZEN, F. et al. Recovery after high-intensity intermittent exercise in elite soccer players using VEINOPLUS sport technology for blood-flow stimulation. Journal of athletic training, v. 47, n. 5, p. 498-506, 2012. DOI: doi.org/10.4085/1062-6050-47.4.02. Disponível em: https://meridian.allenpress.com/jat/article/47/5/498/191254/Recovery-After-High-Intensity-Intermittent. Acesso em: 15 mar. 2024.

BOMPA, T.; HAFF, G. G. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. São Paulo: Phorte Editora, 2013.

BRASIL. Lei nº 9.615, de 24 de março de 1998. Dispõe sobre as normas gerais sobre o desporto e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 25 mar. 1998.

BROWN, F. et al. Compression garments and recovery from exercise: a meta-analysis. Sports medicine, v. 47, p. 2245-2267, 2017. DOI: doi.org/10.1007/s40279-017-0728-9.

BYRNE, C.; TWIST, C.; ESTON, R. Neuromuscular function after exercise-induced muscle damage: theoretical and applied implications. Sports medicine, v. 34, p. 49-69, 2004. DOI: doi.org/10.2165/00007256-200434010-00005.

CALLAGHAN, M. J. The role of massage in the management of the athlete: a review. British journal of sports medicine, v. 27, n. 1, p. 28-33, 1993. DOI: doi.org/10.1136/bjsm.27.1.28. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1332102/pdf/brjsmed00017-0032.pdf. Acesso em: 15 mar. 2023.

COCHRANE, D. J. Alternating hot and cold water immersion for athlete recovery: a review. Physical therapy in sport, v. 5, n. 1, p. 26-32, 2004. DOI: doi.org/10.1016/j.ptsp.2003.10.002.

DIAS JUNIOR, J. C. Liberação miofascial na prevenção de lesão muscular: relato de caso. Vittalle, Rio Grande, v. 32, n. 1, p. 223-234, 2020. DOI: doi.org/10.14295/vittalle.v32i1.11071. Disponível em: periodicos.furg.br/vittalle/article/view/11071/7592. Acesso em: 15 mar. 2024.

EKSTRAND, J; WALDÉN, M.; HÄGGLUND, M. A congested football calendar and the wellbeing of players: correlation between match exposure of European footballers before the World Cup 2002 and their injuries and performances during that World Cup. British journal of sports medicine, v. 38, n. 4, p. 493-497, 2004. DOI: doi.org/10.1136/bjsm.2003.009134. Disponível em: ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1724854/pdf/v038p00493.pdf. Acesso em: 15 mar. 2024.

FRENCH, D. N. et al. The effects of contrast bathing and compression therapy on muscular performance. Medicine and science in sports and exercise, v. 40, n. 7, p. 1297-1306, 2008. DOI: doi.org/10.1249/MSS.0b013e31816b10d5. Disponível em: journals.lww.com/acsm-msse/fulltext/2008/07000/the_effects_of_contrast_bathing_and_compression.15.aspx.

GRANT, M. J.; BOOTH, A. A typology of reviews: an analysis of 14 review types and associated methodologies. Health Information & Libraries Journal, 26: p. 91-108, 2009. DOI: doi.org/10.1111/j.1471-1842.2009.00848.x. Disponível em: onlinelibrary.wiley.com/

doi/epdf/10.1111/j.1471-1842.2009.00848.x. Acesso em: 15 mar. 2024.

HIGGINS, D; KAMINSKI, T. W. Contrast therapy does not cause fluctuations in human gastrocnemius intramuscular temperature. Journal of Athletic Training, v. 33, n. 4, p. 336, 1998. Disponível em: ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1320584/pdf/jathtrain00012-0042.pdf. Acesso em: 15 mar. 2024.

HILBERT, J. E.; SFORZO, G. A.; SWENSEN, T. The effects of massage on delayed onset muscle soreness. British journal of sports medicine, v. 37, n. 1, p. 72-75, 2003.

HOWATSON, G.; MILAK, A. Exercise-induced muscle damage following a bout of sport specific repeated sprints. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 23, n. 8, p. 2419-2424, 2009. DOI: doi.org/10.1519/JSC.0b013e3181bac52e. Disponível em: journals.lww.com/nsca-jscr/fulltext/2009/11000/

exercise_induced_muscle_damage_following_a_bout_of.32.aspx. Acesso em: 15 mar. 2024.

KOIZUMI, K. et al. Active recovery effects on local oxygenation level during intensive cycling bouts. Journal of sports sciences, v. 29, n. 9, p. 919-926, 2011. DOI: doi.org/10.14295/vittalle.v32i1.11071. Disponível em: https://periodicos.furg.br/vittalle/article/view/11071. Acesso em: 15 mar. 2024.

LAGO-PEÑAS, C. et al. The influence of a congested calendar on physical performance in elite soccer. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 25, n. 8, p. 2111-2117, 2011. DOI: doi.org/10.1519/JSC.0b013e3181eccdd2. Disponível em: journals.lww.com/nsca-jscr/fulltext/2011/08000/the_influence_of_a_congested_calendar_on_physical.7.aspx. Acesso em: 15 mar. 2024.

MACDONALD, G. Z. et al. Foam rolling as a recovery tool following an intense bout of physical activity. Med Sci Sports Exerc, v. 46, n. 1, p. 42-131, 2014. DOI: doi.org/10.1249/MSS.0b013e3182a123db. Disponível em: https://journals.lww.com/acsm-msse/fulltext/2014/01000/foam_rolling_as_a_recovery_tool_after_an_intense.19.aspx. Acesso em: 15 mar. 2024.

MOHR, M.; KRUSTRUP, P.; BANGSBO, J. Match performance of high-standard soccer players with special reference to development of fatigue. Journal of sports sciences, v. 21, n. 7, p. 519-528, 2003. DOI: doi.org/10.1080/0264041031000071182.

MOTA, G. R. et al. Proprioceptive and strength endurance training prevent soccer injuries. J Health Sci Inst., v. 28, n. 2, p. 3-3, 2010.

MYRER, J. W.; DRAPER, D. O.; DURRANT, E. Contrast therapy and intramuscular temperature in the human leg. Journal of athletic training, v. 29, n. 4, p. 318, 1994. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1317806/pdf/jathtrain00028-0032.pdf. Acesso em: 15 mar. 2024.

NÉDÉLEC, M. et al. Recovery in soccer: part I - post-match fatigue and time course of recovery. Sports medicine, v. 42, p. 997-1015, 2012. DOI: doi.org/ 10.2165/11635270-000000000-00000.

PARTSCH, H. The static stiffness index: a simple method to assess the elastic property of compression material in vivo. Dermatologic Surgery, v. 31, n. 6, p. 625-630, 2005. DOI: doi.org/10.1111/j.1524-4725.2005.31604.

PASTRE, C. M. et al. Métodos de recuperação pós-exercício: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Medicina do esporte, São Paulo, v. 15, p. 138-144, 2009. DOI: doi.org/10.1590/S1517-86922009000200012. Disponível em: scielo.br/j/rbme/a/6x4XMxsbm45fyqNPkZqbbYf/. Acesso em: 15 mar. 2024.

SANTOS, P. B. Lesões no futebol: uma revisão. Efdepores.Com, Buenos Aires, v. 15, n. 143, 2010. Disponível em: efdeportes.com/efd143/lesoes-no-futebol-uma-revisao.htm. Acesso em: 15 mar. 2024.

SIMIONATO, E. K. Lesões mais comuns em jogadores profissionais de futebol de campo. EFDeportes.com, Buenos Aires, v. 19, n. 197, 2015. Disponível em: www.efdeportes.com/efd197/lesoes-mais-comuns-em-futebol.htm. Acesso em: 15 mar. 2024.

STOLEN, T. et al. Physiology of soccer: an update. Sports Med, v. 35, n. 6, p. 501-536, 2005. DOI: doi.org/10.2165/00007256-200535060-00004.

TESSITORE, A. et al. Effects of different recovery interventions on anaerobic performances following preseason soccer training. The Journal of Strength & Conditioning Research, v. 21, n. 3, p. 745-750, 2007. DOI: doi.org/10.1519/R-20386.1.

VILLAR, R.; DENADAI, B. S. Efeitos da corrida em pista ou do Deep Water Running na taxa de remoção do lactato sanguíneo durante a recuperação ativa após exercícios de alta intensidade. Motriz, v. 4, n. 2, p. 98-103, 1998.

VRETAROS, A. Futebol: bases científicas da preparação de força. 2015.

Downloads

Publicado

2024-03-28