Espelhos de Cleópatra: o empoderamento feminino através das representações de Cleópatra VII

Autores

  • Pierre Nunes UNINTER
  • Maria Thereza Davi João

Resumo

Cleópatra VII, ou Cleópatra, a Grande, em sua luta pelo controle do mundo antigo, teve Roma e o patriarcado como seus rivais. Seus oponentes construíram a imagem dessa rainha — mulher estrangeira e oriental —, como um inimigo grandioso e apaixonante, que conquistou a imortalidade e personificou o antigo Egito de tal maneira que sua história foi contada e recontada através dos séculos — dos romanos aos cineastas de Hollywood. Essas obras de arte, veiculadas à grande massa, servem como força mantenedora ou como quebra de paradigmas e mitos, que retratam os comportamentos femininos considerados adequados ou não, tendo o mundo antigo como referência anacrônica. Esta pesquisa questiona se essas produções contribuem para o empoderamento feminino e o das minorias deste gênero, como as mulheres pretas. Este trabalho analisa três obras da sétima arte, produzidas a partir da figura da rainha, e as relaciona com a pesquisa bibliográfica, para observarmos os cenários históricos nos quais as obras foram construídas, os impactos na sociedade e as particularidades da representação dessa personagem, espelho da época na qual é encenada. Pode-se observar que a figura de Cleópatra representa o poder, a sensualidade, a rebeldia, o desejo e a figura do outro — tão temido e tão capaz de despertar a curiosidade. Embora mostradas como poderosas, essas Cleópatras refletem o preconceito sobre o feminino, a violência velada, o não pertencimento aos espaços públicos e de direito, mas que, através da fantasia e na figura da rainha, encontram um espaço de direitos, poder e fala.

Palavras-chave: Cleópatra; empoderamento feminino; empoderamento da mulher preta; história das mulheres.

Abstract

Cleopatra VII, or Cleopatra the Great, in her struggle for control of the ancient world, had Rome and the patriarchy as her rivals. Her opponents built the image of this queen — a foreign and Eastern woman —, as a grandiose and passionate enemy, who conquered immortality and personified ancient Egypt, enough for her story to be told and retold through the centuries — from the Romans to Hollywood filmmakers. These works of art, disseminated to the masses, serve as either a sustaining force or a break from paradigms and myths, portraying female behaviors considered appropriate or not, with the ancient world as an anachronistic reference. This research questions how these media productions contribute to the empowerment of women and minorities belonging to the feminine, for example, black women. This article analyzes three works of cinema, which were built upon the figure of the queen, and relates them to the bibliographical research to observe the historical scenarios in which the works were created, their impacts on society, and the specificities of the representation of this character, as she becomes a mirror of the time in which she is staged. The figure of Cleopatra embodies power, sensuality, rebellious, desire and the figure of the other, — so feared and capable of arousing curiosity. Although depicted as powerful, these Cleopatras reflect prejudice against femininity, veiled violence, non-belonging to public and legal spaces, but through fantasy and the figure of Cleopatra, they find a space for rights, power and speech.

Keywords: Cleopatra; women empowerment; black women empowerment; women's history.

Resumen

Cleopatra VII, o Cleopatra la Grande, en su lucha por el control del mundo antiguo, tuvo como rivales a Roma y al patriarcado. Sus oponentes construyeron la imagen de esta reina —mujer extranjera y oriental —, como una enemiga grandiosa y apasionante, que conquistó la inmortalidad y personificó al antiguo Egipto de tal manera que su historia fue contada y recontada a través de los siglos — desde los romanos hasta los cineastas de Hollywood. Esas obras de arte, trasladadas a la gran masa, se presentan como instrumento para sostener o romper paradigmas y mitos, que retratan comportamientos femeninos considerados adecuados o no, con el mundo antiguo como referencia anacrónica. Esta investigación indaga cómo estas producciones contribuyen al empoderamiento de las mujeres y el de las minorías de este género, como las mujeres negras. Este trabajo analiza tres obras del séptimo arte, construidas a partir de la figura de la reina, y las relaciona con la investigación bibliográfica, con el fin de observar los escenarios históricos en los que se produjeron las obras, los impactos en la sociedad y las particularidades de la representación de este personaje, espejo de la época que las pone en escena. Se puede observar que la figura de Cleopatra representa poder, sensualidad, rebeldía, deseo y la figura del otro — tan temido y capaz de despertar la curiosidad. Aunque mostradas como poderosas, estas Cleopatras reflejan el prejuicio contra lo femenino, la violencia velada, la no pertenencia a los espacios públicos y de derechos, pero, mediante la fantasía y en la figura de la reina, encuentran un espacio de derechos, de poder y habla.

Palabras-clave: Cleopatra; empoderamiento femenino; empoderamiento de la mujer negra; historia de la mujer.

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Biografia do Autor

Pierre Nunes, UNINTER

Licenciando/Bacharelando em História no Centro Universitário Internacional Uninter. 

Maria Thereza Davi João

Docente no Centro Universitário Internacional Uninter.

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Publicado

2023-07-12