Intersecções entre língua, cultura, história e tecnologias: mulheres negras e a cultura africana — Rio de Janeiro na República Velha (1889-1930)

Autores

  • Helena Aparecida Acioli Sobral Uninter
  • Gisley Monteiro de Monteiro Professora Orientadora do Centro Universitário Internacional UNINTER.

Resumo

Este artigo apresenta como se configuraram as estruturas familiares entre os africanos e afrodescendentes no período pós-abolição e na Primeira República, no Rio de Janeiro, destacando a mulher como a figura central das famílias e comunidades negras. As localidades são delimitadas à região denominada de Pequena África, compreendendo os bairros do Cais do Valongo e da Pedra do Sal. Estes locais receberam enorme contingente de negros e negras de diversos estados brasileiros, tornando-se espaço de ressignificação dos cultos africanos e do samba em torno das tias baianas, cujas residências centralizavam os alicerces e estruturas das religiões africanas e dos ritmos musicais oriundos do continente negro. Apresenta-se o contexto histórico em que as manifestações culturais de matrizes africanas eram reprimidas, assim como as diversas formas de resistência e preservação da cultura africana no âmbito religioso e das artes, especificamente o estilo musical samba. Os autores que contribuíram para a pesquisa centralizaram em mulheres silenciadas na memória histórica, mesmo sendo basilares na formação da cultura afro-brasileira do país. A representação historicamente estereotipada da mulher negra, forte e resistente, é desconstruída ao final do artigo, quando se apresenta o feminismo negro, o qual explica a necessidade desumana de tal resiliência.

Palavras-chave: mulheres negras; África; Rio de Janeiro; República Velha.

Abstract

This article presents how family structures were configured among Africans and Afro-descendants in the post-abolition period and the First Republic in Rio de Janeiro, highlighting women as the central figure of black families and communities. The focus is on the specific region known as Little Africa, which includes the neighborhoods of Cais do Valongo and Pedra do Sal.  These places received significant number of black men and women from various Brazilian states, becoming a space for the redefinition of African cults and Samba, particularly under the influence of the Bahian aunts whose residences served as the central hubs for African religions and musical rhythms from the African continent. The article provides historical context of how the cultural manifestations of African matrices were repressed, and the various forms of resistance and preservation of African culture in the religious and arts field, specifically the Samba musical style. The authors focus on the silenced women in historical memory who played a fundamental role in shaping the Afro-Brazilian culture, challenging stereotyped representation of strong and resistant black women. The article concludes by introducing the concept of black feminism, which helps explain the need for such resilience under inhumane conditions.

Keywords: black women; Africa; Rio de Janeiro; Old Republic.

Resumen

Este artículo presenta cómo se configuraron las estructuras familiares entre africanos y afrodescendientes en el período posterior a la abolición y en la Primera República, en Río de Janeiro, destacando a la mujer como figura central de las familias y comunidades negras. Las localidades se circunscriben a la región llamada Pequeña África, que comprende los barrios de Cais do Valongo y Pedra do Sal. Estos lugares recibieron un enorme contingente de hombres y mujeres negros de varios estados brasileños, convirtiéndose en un espacio para la resignificación de los cultos africanos y la samba, en torno a las tías bahianas, cuyas residencias centralizaron los cimientos y estructuras de las religiones africanas y los ritmos musicales del continente negro. Presenta el contexto histórico en el cual se reprimieron las manifestaciones culturales de las matrices africanas, así como las diversas formas de resistencia y preservación de la cultura africana en el campo religioso y artístico, específicamente el estilo musical samba. Los autores que contribuyeron a la investigación se centraron en mujeres silenciadas en la memoria histórica, a pesar de que fueron fundamentales en la formación de la cultura afrobrasileña del país. La representación históricamente estereotipada de la mujer negra, fuerte y resistente se deconstruye al final del artículo, cuando se presenta el feminismo negro, el cual explica la necesidad inhumana de tal resiliencia.

Palabras-clave: mujeres negras; África; Río de Janeiro; Vieja República.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Helena Aparecida Acioli Sobral, Uninter

Graduada em História (UNINTER, 2021), especialista em Formação Docente para EaD (UNINTER, 2020), especialista em Alfabetização e Letramento (UNINTER, 2019), especialista em História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena (UNINTER, 2018), graduada em Pedagogia (IESC, 2009), graduanda em Filosofia pelo Centro Universitário Internacional.

Gisley Monteiro de Monteiro , Professora Orientadora do Centro Universitário Internacional UNINTER.

Mestra em Educação Social (UFMS, 2016). Licenciada em Letras (UFMS, 2010).

Referências

ABREU, M. Pedra do Sal. In: GURAN, M. (org.). Roteiro da herança africana no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2018. p. 48 – 49.

ARRAES, J. Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis. São Paulo: Seguinte, 2020.

GURAN, Milton (org.). Roteiro da herança africana no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2018.

MIRANDA, C. Mulheres quilombolas de Tijuaçu e o Samba de Lata: conquistas e empoderamento. In: SANTANNA, M. (org.). As bambas do samba: mulher e poder na roda. 2. ed. Salvador: EDUFBA, 2019. p. 51 – 72.

MOURA, R. Tia Ciata e a Pequena África no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Secretaria Municipal de Cultura, Departamento Geral de Doc. e Inf. Cultural, Divisão de Editoração, 1995.

NOGUEIRA, N. Museu do samba: espaço de memórias vivas. In: GURAN, Milton (org.). Roteiro da herança africana no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2018. p. 130 - 137.

RIBEIRO, D. Quem tem medo do feminismo negro? São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

SANTANNA, M. (org.). As bambas do samba: mulher e poder na roda. 2. ed. Salvador: EDUFBA, 2019.

SILVA, A. L. da. Ensino de História da África e cultura afro-brasileira: estudos culturais e sambas-enredo. 1. ed. Curitiba: Appris, 2019.

SOARES, C.E. L.; GOMES, F. “Com o pé sobre um vulcão": Africanos Minas, identidades e a repressão antiafricana no Rio de Janeiro (1830-1840). Estudos Afro-Asiáticos, Rio de Janeiro, v. 23, 2001. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0101-546X2001000200004. Acesso em: 10 mar. 2023.

SOUZA, M. L. Cais do Valongo. In: GURAN, M. (org.). Roteiro da herança africana no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2018a. p. 22 - 25.

SOUZA, M. L. Pequena África. In: GURAN, M. (org.). Roteiro da herança africana no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2018b. p. 56-61.

Downloads

Publicado

2023-07-12