A resistência dos provedores de aplicações de internet no fornecimento de algumas informações relevantes à investigação criminal

Autores

  • Maurício Chouity Imay Uninter
  • Flúvio Cardinelle Oliveira Garcia PUC-PR

Resumo

Resumo

A popularização da Internet de alta velocidade e os dispositivos portáteis de acesso a ela trouxeram inúmeros benefícios à sociedade mundial nas últimas décadas. Tal desenvolvimento tecnológico favoreceu o surgimento de sites e aplicativos que permitem a troca instantânea de mensagens, o uso de redes sociais, compartilhamento de arquivos eletrônicos diversos e muitas facilidades aos usuários. Entretanto, com esse desenvolvimento tecnológico também surgiram novos tipos de percalços, especialmente no que tange à investigação policial de crimes perpetrados através da Internet e aplicativos que a utilizam. Para a elucidação desses crimes, é frequente que as autoridades estatais necessitem de informações detidas somente pelas empresas que desenvolvem tais sites e aplicativos. O fornecimento de algumas dessas informações, mesmo diante de ordem judicial, algumas vezes é negado pelas empresas em tela. Nesse contexto, o presente trabalho tem como objetivo analisar a resistência de alguns provedores de aplicações de Internet que atuam no Brasil em fornecer informações relevantes à investigação criminal, verificar e comparar os dispositivos legais existentes, jurisprudências e atividades práticas da polícia judiciária.

Palavras-chave: Crimes cibernéticos. Provedor de aplicação. Investigação criminal.

Abstract

The popularization of high-speed Internet and portable Internet access devices has brought countless benefits to world society in recent decades. Such technological development allowed the emergence of websites and applications that allow the instant exchange of messages, the use of social networks, sharing of diverse electronic files, and numerous facilities for users. However, with this technological development, new types of mishaps have also arisen, especially concerning police investigation of crimes perpetrated through the Internet and applications that use it. To elucidate these crimes, state authorities frequently require information held only by the companies that develop such sites and applications. The provision of some of this information, even in the face of a court order, is sometimes denied by the companies on screen. In this context, the present study aims to analyze the resistance of some Internet application providers that operate in Brazil to provide some information relevant to a criminal investigation, verifying and comparing existing legal provisions, jurisprudence, and practical activities of the judicial police.

Keywords: Cybercrimes. Application provider. Criminal investigation.

Resumen

La popularización de la Internet de alta velocidad y los dispositivos portátiles de acceso a ella trajeron innúmeros beneficios a la sociedad mundial en las últimas décadas. Tal desarrollo tecnológico favoreció la aparición de páginas web y aplicaciones que posibilitan el intercambio instantáneo de mensajes, el uso de redes sociales, el compartir archivos electrónicos de diversos tipos y muchas facilidades a los usuarios. Sin embargo, con ese desarrollo tecnológico también se produjeron nuevos tipos de problemas, especialmente en lo que se refiere a la investigación policíaca de crímenes perpetrados por medio de la Internet y de aplicaciones que las utilizan. Para dilucidar esos crímenes, con frecuencia las autoridades estatales necesitan informaciones disponibles solamente en las empresas que desarrollan tales páginas y aplicaciones web. El suministro de algunas de esas informaciones, aun con orden judicial, a veces es negado por las empresas en cuestión. En ese contexto, el presente trabajo tiene el objetivo de analizar la resistencia de algunos proveedores de aplicaciones web que actúan en Brasil de suministrar informaciones relevantes para la investigación criminal, verificar y comparar las disposiciones legales existentes, la jurisprudencia y actividades prácticas de la policía judiciaria.

Palabras-clave: Crímenes cibernéticos. Proveedor de aplicación. Investigación criminal.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Maurício Chouity Imay, Uninter

Graduado em Engenharia Elétrica com Ênfase em Eletrônica e Telecomunicações pela UTFPR. Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho pela UTFPR. Investigador de Polícia do Núcleo de Combate aos Cibercrimes – NUCIBER da Polícia Civil do Paraná. Graduado em Direito pela UNINTER. Email: mauricio.imay@gmail.com

Flúvio Cardinelle Oliveira Garcia, PUC-PR

Graduado em Ciências da Computação pela Universidade Católica de Brasília. Graduado em Direito pelo Centro Universitário de Brasília. Mestre em Direito Processual Penal pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Doutorando pela PUC/PR. Delegado de Polícia Federal. Email: fluvio.garcia@pucpr.br

Referências

BARACHO, Daniel Duarte; ARGOLO JUNIOR, Cecilio; DINIZ, Liliane Amaral Janguiê Bezerra. A Quebra do Sigilo do Whatsapp como Meio de Prova Aceito no Direito Pátrio: A necessidade de interceptação do sigilo das comunicações de dados para fins de persecução criminal. Revista Jurídica Unigran, Dourados, v. 19, n. 37, p.99-114, jun. 2017. Disponível em: < http://www.unigran.br/revista_juridica/ed_anteriores/37/artigos/artigo06.pdf >. Acesso em: 17 jun. 2018.

BARRETO JUNIOR, Irineu Francisco; LIMA, Marco Antonio. Marco Civil da Internet: Análise das decisões judiciais que suspenderam o aplicativo Whatsapp no Brasil – 2015-16. Revista de Direito, Governança e Novas Tecnologias, Curitiba, v. 2 , n. 2, p. 37 – 52, Jul/Dez. 2016. Disponível em: <http://indexlaw.org/index.php/revistadgnt/article/view/1484>; Acesso em: 17 jun. 2018.

BECKER, Ana Maria Higuti. Privacidade e Liberdade de Comunicação no Ciberespaço: Limites à Intervenção Judicial Brasileira no Whatsapp. 2016. 78 f. TCC (Graduação) - Curso de Direito, Setor de Ciências Jurídicas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2016. Disponível em: <http://acervodigital.ufpr.br/handle/1884/46339>. Acesso em: 17 jun. 2018.

BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Brasília, DF: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689Compilado.htm>. Acesso em: 17 jun. 2018.

______. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Disponível em:

< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm>. Acesso em: 17 jun. 2018.

______. Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996. Regulamenta o inciso XII, parte final, do art. 5° da Constituição Federal. Brasília, DF: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9296.htm>. Acesso em: 17 jun. 2018.

______. Lei nº 9.613, de 3 de março de 1998. Dispõe sobre os crimes de "lavagem" ou ocultação de bens, direitos e valores; a prevenção da utilização do sistema financeiro para os ilícitos previstos nesta Lei; cria o Conselho de Controle de Atividades Financeiras - COAF, e dá outras providências. Brasília, DF: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9613.htm>. Acesso em: 17 jun. 2018.

______. Lei nº 12.850, de 2 de agosto de 2013. Define organização criminosa e dispõe sobre a investigação criminal, os meios de obtenção da prova, infrações penais correlatas e o procedimento criminal; altera o Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal); revoga a Lei no 9.034, de 3 de maio de 1995; e dá outras providências. Brasília, DF: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12850.htm>. Acesso em: 17 jun. 2018.

______. Lei nº 12.965, de 23 de abril de 2014. Estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da Internet no Brasil. Brasília, DF: Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12965.htm>. Acesso em: 17 jun. 2018.

______. Superior Tribunal de Justiça. Recurso em Mandado de Segurança nº 55.109-PR. Relator: Ministro Reynaldo Soares da Fonseca. Brasília, DF, 07 de novembro de 2017. Brasília, DF. Disponível em: <https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/inteiroteor/?num_registro=201702152566&dt_publicacao=17/11/2017>. Acesso em: 17 jun. 2018.

CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Comentários à Lei n. 12.683/2012, que alterou a Lei de Lavagem de Dinheiro. Dizer o Direito. 2012. Disponível em: <http://www.dizerodireito.com.br/2012/07/comentarios-lei-n-126832012-que-alterou.html>. Acesso em: 17 jun. 2018.

CERQUEIRA, Silvio Castro; ROCHA, Claudionor. Crimes cibernéticos: desafios da investigação. Cadernos Aslegis, 2013. Brasília, DF. Disponível em: <http://bd.camara.gov.br/bd/handle/bdcamara/27420>. Acesso em: 17 jun. 2018.

DOMINGOS, Fernanda Teixeira Souza Domingos; RÖDER, Priscila Costa Schreiner. Obtenção de provas digitais e jurisdição na Internet. Escola de Magistrados da Justiça Federal da 3ª Região. Caderno de Estudos. Investigação e Prova nos Crimes Cibernéticos, São Paulo, v. 1, p.55-84, 2017. Disponível em: <http://www.trf3.jus.br/documentos/emag/Midias_e_publicacoes/Cadernos_de_Estudos_Crimes_Ciberneticos/Cadernos_de_Estudos_n_1_Crimes_Ciberneticos.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2018.

ELEUTÉRIO, Pedro Monteiro da Silva; MACHADO, Márcio Pereira. Desvendando a computação forense. São Paulo: Novatec, 2011. 200 p.

GOMES, Luiz Flávio; MACIEL, Silvio. Interceptação Telefônica: comentários a Lei 9.296, de 24.07.1996. 3. ed. rev e atual. São Paulo: Editora Revistas dos Tribunais, 2014. 224. p.

OLIVEIRA, Carlos Eduardo Elias de. Aspectos Principais da Lei nº 12.965, de 2014, o Marco Civil da Internet: subsídios à comunidade jurídica. Brasília: Núcleo de Estudos e Pesquisas/CONLEG/ Senado, abr./2014 (Texto para Discussão nº 148). Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/publicacoes/estudos-legislativos/tipos-de-estudos/textos-para-discussao/td-148-aspectos-principais-da-lei-no-12.965-de-2014-o-marco-civil-da-internet-subsidios-a-comunidade-juridica>. Acesso em: 17 jun. 2018.

OLIVEIRA, Marcos Aurélio Guedes de et al. Guia de Defesa Cibernética na América Do Sul. Recife: UFPE, 2017. 162 p.

PERON, André. SIT e CLIT: ferramentas e metodologia para aprimoramento de investigações criminais utilizando interceptações de conexão à internet. 2012. xv, 132 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia Elétrica)-Universidade de Brasília, Brasília, 2012. Disponível em: <http://repositorio.unb.br/handle/10482/10471>. Acesso em: 17 jun. 2018.

SANNINI NETO, Francisco. Nova lei das organizações criminosas e a polícia judiciária. 2013. Disponível em: <https://franciscosannini.jusbrasil.com.br/artigos/121943694/nova-lei-das-organizacoes-criminosas-e-a-policia-judiciaria>. Acesso em: 17 jun. 2018.

SCHERKERKEWITZ, Iso Chaitz. Direito e Internet. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014. 171 p.

SCUDERE, Leonardo. Risco digital na web 3.0. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. 154 p.

SOARES, Valeska Maria Capelasso; ZANIN, Fabrício Carlos. Marco civil da internet (lei 12.965/2014): a interpretação do endereço IP e suas implicações no ordenamento jurídico penal brasileiro. Jus Societas, Ji-paraná, v. 1, n. 13, p.21-30, jan./jun. 2015. Disponível em: <http://www.periodicos.ulbra.br/index.php/jsoc/article/view/2138>. Acesso em: 17 jun. 2018.

STARR, Adriana Galvão. A dificuldade de acesso ao conteúdo das mensagens ilícitas trocadas via WhatsApp para uso em procedimento de investigação e ação penal. Escola de Magistrados da Justiça Federal da 3ª Região. Caderno de Estudos. Investigação e Prova nos Crimes Cibernéticos, São Paulo, v. 1, p.85-109, 2017. Disponível em: <http://www.trf3.jus.br/documentos/emag/Midias_e_publicacoes/Cadernos_de_Estudos_Crimes_Ciberneticos/Cadernos_de_Estudos_n_1_Crimes_Ciberneticos.pdf>. Acesso em: 17 jun. 2018.

TEFFÉ, Chiara Antonia Spadaccini de. A responsabilidade civil do provedor de aplicações de internet pelos danos decorrentes do conteúdo gerado por terceiros de acordo com o Marco Civil da Internet. Revista Fórum de Direito Civil – RFDC, Belo Horizonte, ano 4, n. 10, set./dez. 2015. Disponível em: < http://www.editoraforum.com.br/wp-content/uploads/2015/12/A-responsabilidade-civil-do-provedor-de-aplicacoes-de-internet.pdf >. Acesso em: 17 jun. 2018.

WENDT, Emerson; JORGE, Higor Vinicius Nogueira. Crimes cibernéticos: ameaças e procedimentos de investigação. 2. ed. Rio de Janeiro: Brasport, 2013. 369 p.

Downloads

Publicado

2021-02-25